Bate-papo

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A cartografia de uma epidemia

O mapa temático acima evidencia a recente disseminação global do novo vírus H1N1, causador da gripe suína. Em poucas semanas, a doença alastrou-se da América do Norte, de onde surgiu, para as Américas Central e do Sul, Europa e Ásia. Há casos suspeitos em todos os continentes do globo, indicados pelo ícone com o sinal de interrogação. Os ícones pretos representam os locais onde a doença matou pessoas e os vermelhos os países com casos confirmados. Até hoje, mais de mil pessoas em 20 países já contraíram a doença, sendo que 27 delas perderam a vida, 26 só no México, onde foi descoberto o primeiro caso desse novo tipo de gripe.
A propagação mundial da doença coincide com a frequência das linhas aéreas que conectam o México a outros países, haja vista a grande quantidade de casos confirmados na Europa, destino de grande parte dos vôos internacionais oriundos da capital mexicana. Além de mercadorias, a globalização facilita a disseminação de enfermidades endêmicas, outrora confinadas a territórios restritos.
O mapa realça o vazio no continente africano, inclusive na África setentrional, mais próxima dos países europeus contaminados pela gripe suína. É curioso notar que, salvo o entorno do México, a doença avançou principalmente sobre os países mais ricos, justamente aqueles que concentram a maior parcela de fluxos do planeta.
Por outro lado, a carência de condições adequadas de saúde pública nos países africanos pode ocultar o avanço da epidemia no continente, uma vez que, ao contrário dos que moram em países ricos, os habitantes dos países empobrecidos, muitas vezes, morrem sem qualquer assistência médica, vitimados por causas não apuradas.
É preciso saber enxergar os lugares "fora do mapa", pois a cartografia se faz, sobretudo, por meio da informação; e, como reza o ditado, informação é poder.