Bate-papo
Aos leitores que ainda insistem em visitar esse blog jogado às traças, um aviso: o "um viaduto no lugar do coreto" está passando por mudanças, desde o layout (você já deve ter notado a diferença, não?) até o conteúdo. Se antes eu estava mais atento às mudanças ocorridas nos lugares, de forma geral, agora pretendo me dedicar a um lugar em especial, bem conhecido de todos e que me fascina: a cidade. Afinal de contas, pensar a cidade é um exercício que remete à reflexão sobre nós mesmos, uma vez que, todos os dias, construímos essa cidade.
Os textos antigos, muitos deles condizentes com a nova proposta do blog, continuarão por aqui, no mesmo endereço. Em breve, voltarei para mudar uma ou outra coisa e, claro, postar novidades.
Até mais.
Um filme de Adriano Rangel e Jackline Almeida.
Selecionado para exibição no site do Festival do Minuto - Tema Livre.
A propagação mundial da doença coincide com a frequência das linhas aéreas que conectam o México a outros países, haja vista a grande quantidade de casos confirmados na Europa, destino de grande parte dos vôos internacionais oriundos da capital mexicana. Além de mercadorias, a globalização facilita a disseminação de enfermidades endêmicas, outrora confinadas a territórios restritos.
O mapa realça o vazio no continente africano, inclusive na África setentrional, mais próxima dos países europeus contaminados pela gripe suína. É curioso notar que, salvo o entorno do México, a doença avançou principalmente sobre os países mais ricos, justamente aqueles que concentram a maior parcela de fluxos do planeta.
Por outro lado, a carência de condições adequadas de saúde pública nos países africanos pode ocultar o avanço da epidemia no continente, uma vez que, ao contrário dos que moram em países ricos, os habitantes dos países empobrecidos, muitas vezes, morrem sem qualquer assistência médica, vitimados por causas não apuradas.
É preciso saber enxergar os lugares "fora do mapa", pois a cartografia se faz, sobretudo, por meio da informação; e, como reza o ditado, informação é poder.
Inauguração do Monumento a Ramos de Azevedo, em 1934, em frente à Pinacoteca do Estado de São Paulo.
O conjunto escultórico de 13 metros de comprimento por 15 metros de altura foi instalado em frente a um dos mais importantes edifícios projetados por Ramos de Azevedo, a Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 1934, em homenagem póstuma. Contudo, no final da década de 1960, o monumento cedeu lugar a uma larga avenida para os automóveis e, sob críticas, foi transferido para a cidade universitária, onde encontra-se até hoje, próximo à Escola Politécnica.
A re-significação do patrimônio histórico e cultural e os seus desdobramentos na produção da memória social estabelecem uma forte relação com os conflitos de interesses presentes no espaço público. Em outras palavras, na atual concepção de espaço público, um monumento não pode ficar no meio do caminho dos carros. Assim, confinam-se pessoas em condomínios e monumentos em museus (ou em universidades, tanto faz) e celebra-se a cidade construída para a produção facilitada de riqueza.
Vivenciar não é preciso; registrar é preciso. Essa é a idéia que parece dominar o cotidiano das pessoas no atual momento da informação. Assim, os nossos olhos parecem obsoletos frente às telas digitais das máquinas fotográficas e dos celulares disseminados por todas as classes sociais. O mesmo ocorre com a nossa memória, cada vez mais em desuso e substituída por cartões de memória digitais. Da restrita circulação dos ultrapassados álbuns de fotografia, passamos rapidamente para a proliferação de informações produzidas de forma cada vez mais dispersa, de modo que as nossas experiências podem ser compartilhadas com mais pessoas, sejam elas conhecidas ou completamente estranhas. Certamente, você já teve a vista atrapalhada por alguém tentando registrar algo que você insiste em ver apenas com os olhos. Não se trata aqui de condenar os recursos visuais, longe disso. Ao contrário, pretende-se conferir importância ao olhar, como forma também de refletir sobre o registro de uma determinada experiência, de brincar com as imagens junto com as nossas sensações. Se o lugar e a experiência são banalizados, banal será também a imagem. Na primeira vez que visito um lugar, evito levar a máquina fotográfica. No atual momento em que todos somos constantemente vigiados, o fato de não registrar algum acontecimento que, há pouco tempo atrás, bastaria a oralidade para contar, é um ato tido como lamentável. De amantes do mundo a cinegrafistas amadores, o lugar vai perdendo o sentido de ser.
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Mais um tempo de ausência e mais uma promessa de voltar por aqui semanalmente, assim como eu gostaria de ter feito.