O consumo desigual do espaço ou quando girar a catraca passa a ser um privilégio.


Antes de mais nada, peço desculpas aos leitores pelo vazio que este blog experimentou em julho. Estive envolvido com outros projetos e a falta de tempo foi implacável com as atualizações semanais do "Viaduto". A partir de agora, a periodicidade dos textos volta ao normal.

Nada melhor que retomar o blog com um chamado para que os lugares sejam acessíveis a todas as pessoas. A busca pela segurança fantasiosa tem motivado o uso de catracas e de outros esdrúxulos impeditivos ao livre acesso, criando barreiras cada vez mais difíceis de transpor, sobretudo para aqueles que são discriminados cotidianamente. Se não bastasse o irreal controle nos lugares privados, a prática de inibir o acesso vem sendo disseminada também nos espaços públicos, em especial nas universidades, lugares onde a convivência deveria ser facilitada para o bem da produção do conhecimento.

A catraca seleciona, ainda, aqueles que podem pagar pelo oneroso transporte público urbano, barrando os desempregados e os trabalhadores que não reúnem as condições materiais necessárias para consumir o espaço em iguais condições com os que podem se locomover com maior rapidez.

Por quantas catracas você passa todos os dias? A resposta pode estar diretamente relacionada com as suas possibilidades de participar do mundo, de consumir e de produzir os lugares.