Quantos lugares cabem dentro de um contêiner?

O mundo global possibilita uma circulação de mercadorias jamais vista na história da humanidade. Produtos de diversas nacionalidades estão expostos nas vitrines, muitas vezes trazendo em suas embalagens informações escritas em dois ou mais idiomas. Sem notar, usamos tênis fabricados na China, andamos em veículos produzidos na Argentina, carregamos bolsas costuradas em Taiwan. O processo mundial que proporciona o consumo de produtos multinacionais também cria uma perversa divisão internacional do trabalho. Explora-se a mão de obra barata, quando não escrava, dos países empobrecidos a troco de migalhas. Um sapato costurado a custo pífio por um indiano é exportado, recebe uma marca e, assim, tem o seu valor multiplicado exorbitantemente. Um exemplo disto está no blog "Sentir por Escrito", da amiga Juliana, num texto sobre o eventual processo de produção de uma grife mundial de sapatos femininos, a Catwalk. Outros casos também são muito bem evidenciados no excelente documentário canadense "A Corporação", onde as práticas das grandes empresas são analisadas (assista o trailer em inglês após o texto).
Os contêiners carregam consigo a vida daqueles lugares cujo papel no mundo globalizado está restrito a produzir bens de consumo a custos irrisórios, arcando com desastres sociais e ambientais diversos, em prol do consumismo desenfreado dos países ricos. Ao consumir um produto destes, nós estamos, também, participando da produção de um lugar onde, muitas vezes, sequer pisamos uma só vez.
TRAILER "THE CORPORATION" - "A Corporação"